A Federação Internacional de Basketball (FIBA) e o Centro Internacional para Estudos do Esporte (CIES) publicaram recentemente a quarta edição do ‘Relatório de Migração Internacional do Basquetebol 2015’, com o objetivo principal de apresentar informações sobre as transferências internacionais durante a última temporada da modalidade, por meio da comparação de 24 ligas nacionais e internacionais, incluindo o Novo Basquete Brasil (NBB).
O minucioso relatório apresenta alguns destaques, como o crescimento do número de transferências internacionais no basquetebol, tanto para os homens quanto para as mulheres, que totalizaram 7.800 na temporada 2014/2015. Aumentou significativamente o número de exportação de atletas americanos, notadamente para a Europa, seguidos dos atletas sérvios, lituanos e croatas, sendo a Alemanha, pela primeira vez, a maior importadora de jogadores.
“A globalização do mercado de transferências e a queda de barreiras decorrente do Caso Bosman são fatores relevantes para a média de 43% de atletas estrangeiros nas ligas analisadas, sendo que, em 05 ligas, existem mais jogadores estrangeiros do que nacionais, em razão dos regulamentos vigentes”, explica o advogado Filipe Souza.
“A Espanha, por exemplo, possui a liga com maior percentual de estrangeiros e o maior número de nacionalidades, enquanto o Brasil possui o menor percentual de jogadores de outras nacionalidades”, acrescenta Souza.
Uma importante constatação diz respeito ao pouco tempo de quadra dos jovens jogadores, assim entendidos como aqueles menores de 21 anos, que jogaram 5.2 minutos por jogo na temporada 2014/2015, o que é preocupante em termos de construção e desenvolvimento do futuro. “Ainda se observa significante troca de jogadores dentro das ligas e clubes, sendo que um terço dos jogadores mudou de liga e quase dois terços mudaram de clubes na temporada 2014/2015, além de não ser rara a contratação de jogadores após o início das competições”, relata Filipe.
“Sobre a instabilidade das equipes em relação aos atletas que iniciam as competições, o estudo vislumbra uma potencial queda do interesse do público diante do alto número de trocas de jogadores, o que poderia afetar a credibilidade e a identidade de algumas ligas”, aponta o advogado.
Por fim, a NBA (liga profissional norte-americana), a WNBA (versão feminina da liga profissional norte-americana) e a NCAA (liga universitária norte-americana) seguem a tendência de aumento do número de jogadores de outras nacionalidades, não obstante estes ainda tenham poucos minutos em quadra.
Diretamente envolvidos nas transferências de atletas, o estudo indica a existência de 497 agentes licenciados pela FIBA na temporada 2014/2015, que representam 60 nacionalidades.
“O aumento do número de transferências internacionais trouxe, naturalmente, o recorde de 143 casos submetidos ao Tribunal Arbitral do Basquetebol (BAT) no ano de 2014, envolvendo atletas de 09 nacionalidades. Os clubes turcos lideram a participação em casos do BAT, com 73 agremiações em litígio, seguidos de perto por 71 clubes italianos”, explica Filipe.
De acordo com as palavras do secretário geral da FIBA, Patrick Baumann, o Relatório de Migração Internacional do Basquetebol possui extrema importância para difundir o conhecimento da modalidade, além de oferecer à Família FIBA e aos demais interessados valorosas informações sobre transferências internacionais.
“Inequivocamente, o referido estudo pode ser uma valiosa ferramenta para que associações nacionais, ligas, clubes, atletas, técnicos e agentes construam seus planejamentos lastreados na realidade atual do basquetebol”, finaliza Souza.